terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Vai começar julgamento do caso Viviani Marins

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Fonte: O Liberal– EDIVALDO MENDES (Correspondente em Castanhal) –
 
Sete cidadãos de Santa Maria do Pará serão escolhidos pela Justiça para, a partir da manhã da próxima quarta-feira, 27, participarem do júri popular que irá decidir se o técnico em enfermagem Francisco Charles dos Santos permanece ou não atrás das grades. Ele está sendo acusado de, no início da noite do dia 20 de setembro de 2010, ter tramado e executado a morte da sua própria esposa, a médica cirurgiã carioca Viviani Marins dos Santos, assassinada com um tiro na cabeça disparado por Charles, na frente do filho do casal, à época com três anos de idade, durante hipotético assalto que teria ocorrido quando o casal passava pela rodovia Belém-Brasília, próximo à área urbana daquela cidade do nordeste paraense.
O julgamento, que poderá durar até dois dias, será presidido pela juíza Priscila Mamede Mousinho, da Comarca de São Miguel, já que o juiz de Santa Maria, dr. Augusto Bruno de Moraes Favacho, se julgou impedido de atuar no caso porque um irmão seu é sócio do escritório de advocacia que vai atuar na defesa de Charles. Na acusação vão atuar os promotores Francys Galhardo e Daniel Barros, além da advogada Ivone Magalhães. A covarde morte de Viviani Marins teve grande repercussão na região, e possivelmente o fórum de Santa Maria deverá estar lotado de curiosos em saber o desfecho desse crime.
Em seu depoimento preliminar, Charles contou que ele teria interrompido a viagem que faziam de Belém para Paragominas para ajudar uma mulher que estaria com uma criança nas mãos e pedindo socorro, dando a entender que tinha sido vítima de um acidente de motocicleta. Um homem deitado ao lado de uma moto comporia o cenário do crime, segundo o acusado. Assim que desceu do carro, Charles e Viviani, que ficou dentro do veículo, teriam sido surpreendidos pela reação da mulher quando esta, com uma arma na mão anunciou o assalto. E logo em seguida disparou contra Viviani quando a médica teria de virado, no banco do carona, supostamente para pegar a criança que estava no banco traseiro. A mulher depois teria feito outro disparo, que acertou de raspão o tórax de Charles.
Perícias feitas pelo Instituto de Perícias Científicas de Castanhal, assim como a reconstituição do crime e as investigações procedidas pelo delegado Otto Henrique Dias Wirtz, comprovaram, no entanto, que Charles simulou o assalto. “O réu agiu ardilosamente, planejando e executando o crime de forma cruel e fria, contra a vida da própria companheira, mãe do filho dele, sem qualquer sentimento de piedade, por puro interesse econômico, com demonstração de possuir personalidade agressiva e cruel”, afirmou o delegado no seu pedido de prisão, feito no início de outubro de 2010.
Ele pediu o indiciando do acusado, enquadrando-o no artigo 121, parágrafo 2º, incisos I e IV do Código Penal Brasileiro, que é o crime de homicídio doloso e qualificado, por motivo torpe e mediante dissimulação que tornou impossível a defesa da vitima. Alguns dias depois do crime, o juiz de Direito titular da Comarca de Santa Maria do Pará, Dr. Augusto Bruno de Moraes Favacho, decretou a prisão preventiva do técnico em enfermagem, que desde então está recolhido numa cela de uma das unidades do complexo penitenciário de Americano, a “Anastácio das Neves”.
Na perícia técnica feita no local do crime IPC de Castanhal ficaram logo constatadas as primeiras contradições do acusado, que levava uma vida de playboy sustentado pela vítima, que faturava mais de R$ 35 mil por mês como cirurgiã e medicina estética em Paragominas. Mas foi mesmo a reconstituição do crime, realizada em junho de 2011, essencial para trazer a verdadeira dinâmica do crime para o processo. Os peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves constaram que o local do crime não era provido de iluminação suficiente para visualizar suposta assaltante. A perícia concluiu que no fatídico dia do crime não existiu naquele local nenhuma assaltante, toda a imputação à morte da médica recaiu sobre Francisco Charles.
Essa conclusão pericial derrubou o depoimento inicial de Charles feito na delegacia de Santa Maria do Pará, ao delegado Leandro Souza. Ele contou que teria descido do carro, dado a volta por trás do veículo e ao chegar próximo à porta de trás do lado direito do veículo a suposta assaltante teria largado a criança do colo, “uma boneca de plástico” disse ele, pego uma arma e anunciado o assalto.., que sua esposa pediu calma, pois iria pegar o filho do casal, e depois ter de virado para o banco traseiro a mulher fez o primeiro disparo.
RETRATO - Com base em informações fornecidas pelo acusado, que já era visto, por experientes policiais, como o principal suspeito pela morte da médica cirurgiã, o delegado Leandro Souza mandou confeccionar o retrato falado da suposta assaltante, que seria uma mulher baixa, cabelos curtos e ondulados. Nesse período ainda não tinham sido divulgados, pelo IPC de Castanhal, os resultados dos exames balísticos e necroscópicos realizados no corpo da médica, para saber a distância e trajetória da bala, de calibre 38, que entrou por detrás da cabeça de Viviani e ficou alojada próxima a seu nariz.
Divulgado na imprensa, o retrato falado chegou a Anathayglia Silva Corrêa, mais conhecida por Tayglia, que foi “reconhecida” por Charles como sendo a mulher que matara Viviani e atirara de raspão no seu tórax. Mas a mulher desmontou a versão apresentada em juízo por Charles. Ela comprovou ao juiz que no dia em que o fato ocorreu (20 de setembro de 2010) ela estava em um garimpo localizado no Suriname, Guiana Francesa. E que de lá só retornou ao Pará em novembro de 2010. Por causa dessa reviravolta na estratégia montada pela defesa de Charles, o magistrado decidiu arrolar Tayglia como como testemunha de acusação.
 
 

 


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