Chutes, puxões de cabelo, socos, xingamentos, brigas. Práticas como essas não deveriam ser comuns entre crianças e adolescentes no ambiente escolar, mas são. Segundo uma pesquisa realizada pelo Observatório de Violências da Universidade da Amazônia (Unama) em 2006, cerca de 70% dos alunos das 24 escolas pesquisadas já presenciaram agressões físicas em salas de aula. A mesma pesquisa aponta que a violência psicológica também faz parte do cotidiano dos alunos de ensino fundamental e médio, já que 41% afirmaram já terem presenciado situações desse tipo.
“O que percebemos é que a escola está dentro de um ambiente de incivilidade”, aponta a psicóloga e professora do Observatório de Violências, Célia Amaral. Segundo ela, práticas que há anos eram vistas como uma rivalidade saudável, hoje são encaradas como motivo de briga entre os alunos.
Mensagens de celular, brigas entre namorados, busca pelo espaço e disputas entre colégios: nesse contexto, tudo vira motivo para se agredir. “Até um simples namorado que outra pessoa ficou na balada é motivo de briga. São coisas que acontecem fora do ambiente escolar e que são levadas para dentro das escolas”, aponta Célia.
PRAÇAS DIGITAIS
Diante da inclusão cada vez maior da tecnologia no cotidiano da sociedade, os meios de comunicação também viram espaço de rixas e humilhações. “Eles usam a internet e mensagens de celular para disseminação de apelidos e ameaças. Temos um exemplo de uma escola que mantinha um blog na internet onde os alunos se comunicavam para marcar a hora e os locais das brigas”, comenta Célia.
Diante dos acontecimentos cada vez mais explícitos de violência, a psicóloga se questiona sobre o ambiente que está sendo criado nas escolas brasileiras. “Que campo de batalha é esse em que a gente está?” Segundo os próprios alunos, esse campo é criado por eles mesmos. Dos estudantes entrevistados, 48,4% apontaram que eles são os maiores responsáveis pela violência nas escolas.
>> Violência se manifesta em várias frentes
A violência se faz presente de diversas formas. De acordo com a pesquisa realizada pelo Observatório, além das agressões físicas, também foram identificados casos de depredação do patrimônio escolar, discriminação e violências sexuais. Com 84%, a pichação foi o tipo de agressão mais comum dentre as identificadas. “É preciso trabalhar o sentido de pertencimento nesses alunos. Eles precisam sentir que a escola deve ser um espaço de harmonia”, acredita Célia.
Porém, segundo a psicóloga, é a violência psicológica que pode causar maiores estragos. “A agressão psicológica vai ter uma repercussão muito mais forte e marcante no indivíduo, porque machucados físicos somem.” Ela aponta ainda que, na maioria das vezes, as pessoas que apresentam um perfil mais reservado e retraído são as que costumam ser humilhadas. “É aquela pessoa que não consegue reagir, que é sempre desconfiada e que não conversa em casa sobre esses problemas”, afirma. “Há pessoas que não conseguem extravasar. A maioria das pessoas tende a internalizar o que estão sentindo.”
Nesses casos o perigo é maior, já que, segundo Célia, as pessoas que praticam esse tipo de violência são as que já sofreram agressões no passado. “A maioria das pessoas que cometem o bullying já sofreram com isso. O que não se pode esquecer é que o bullying não é uma doença, e sim, uma forma de violência”.
Apesar de acreditar que a prática já acontecia há anos, hoje, a diretora de Educação para Diversidade, Inclusão e Cidadania da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Aldeíse Queiroz, percebe que o bullying está mais presente no ambiente escolar. “O bullying vem crescendo e no Pará também estamos passando por isso. Antes, isso já existia, mas não era tão evidente quanto agora”, aponta. “O que parece é que foi criada uma cultura de violência nas escolas”.
Apesar de admitir que a secretaria já registrou casos de violência física dentro das salas de aula nos últimos três anos, Aldeíse afirma que as agressões físicas não são tão frequentes. “Já tivemos alguns casos (de agressões físicas). É uma coisa que acontece e que foge do controle. É raro acontecer, mas já tivemos vários.”
Segundo ela, casos de violência psicológica são mais comuns. “O bullying sempre é comum. O adolescente tem essa característica de formar grupinhos separados e, se não forem tomadas providências, isso se agrava”.
A professora do ensino fundamental e médio e vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Belém, Suely Menezes, acredita que os índices de violência nas escolas estão diretamente ligados ao contexto em que a instituição está inserida. “Se a pessoa vem de um contexto de pessoas violentas na família, isso influencia. Não é só o contexto das escolas, mas também nas famílias”.
Ela também acredita que as agressões psicológicas são as mais frequentes. “Eu não posso negar que tenha violência, mas sou contra generalizar em números. Depende do contexto”, afirma.
“O que percebemos é que a escola está dentro de um ambiente de incivilidade”, aponta a psicóloga e professora do Observatório de Violências, Célia Amaral. Segundo ela, práticas que há anos eram vistas como uma rivalidade saudável, hoje são encaradas como motivo de briga entre os alunos.
Mensagens de celular, brigas entre namorados, busca pelo espaço e disputas entre colégios: nesse contexto, tudo vira motivo para se agredir. “Até um simples namorado que outra pessoa ficou na balada é motivo de briga. São coisas que acontecem fora do ambiente escolar e que são levadas para dentro das escolas”, aponta Célia.
PRAÇAS DIGITAIS
Diante da inclusão cada vez maior da tecnologia no cotidiano da sociedade, os meios de comunicação também viram espaço de rixas e humilhações. “Eles usam a internet e mensagens de celular para disseminação de apelidos e ameaças. Temos um exemplo de uma escola que mantinha um blog na internet onde os alunos se comunicavam para marcar a hora e os locais das brigas”, comenta Célia.
Diante dos acontecimentos cada vez mais explícitos de violência, a psicóloga se questiona sobre o ambiente que está sendo criado nas escolas brasileiras. “Que campo de batalha é esse em que a gente está?” Segundo os próprios alunos, esse campo é criado por eles mesmos. Dos estudantes entrevistados, 48,4% apontaram que eles são os maiores responsáveis pela violência nas escolas.
>> Violência se manifesta em várias frentes
A violência se faz presente de diversas formas. De acordo com a pesquisa realizada pelo Observatório, além das agressões físicas, também foram identificados casos de depredação do patrimônio escolar, discriminação e violências sexuais. Com 84%, a pichação foi o tipo de agressão mais comum dentre as identificadas. “É preciso trabalhar o sentido de pertencimento nesses alunos. Eles precisam sentir que a escola deve ser um espaço de harmonia”, acredita Célia.
Porém, segundo a psicóloga, é a violência psicológica que pode causar maiores estragos. “A agressão psicológica vai ter uma repercussão muito mais forte e marcante no indivíduo, porque machucados físicos somem.” Ela aponta ainda que, na maioria das vezes, as pessoas que apresentam um perfil mais reservado e retraído são as que costumam ser humilhadas. “É aquela pessoa que não consegue reagir, que é sempre desconfiada e que não conversa em casa sobre esses problemas”, afirma. “Há pessoas que não conseguem extravasar. A maioria das pessoas tende a internalizar o que estão sentindo.”
Nesses casos o perigo é maior, já que, segundo Célia, as pessoas que praticam esse tipo de violência são as que já sofreram agressões no passado. “A maioria das pessoas que cometem o bullying já sofreram com isso. O que não se pode esquecer é que o bullying não é uma doença, e sim, uma forma de violência”.
Apesar de acreditar que a prática já acontecia há anos, hoje, a diretora de Educação para Diversidade, Inclusão e Cidadania da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Aldeíse Queiroz, percebe que o bullying está mais presente no ambiente escolar. “O bullying vem crescendo e no Pará também estamos passando por isso. Antes, isso já existia, mas não era tão evidente quanto agora”, aponta. “O que parece é que foi criada uma cultura de violência nas escolas”.
Apesar de admitir que a secretaria já registrou casos de violência física dentro das salas de aula nos últimos três anos, Aldeíse afirma que as agressões físicas não são tão frequentes. “Já tivemos alguns casos (de agressões físicas). É uma coisa que acontece e que foge do controle. É raro acontecer, mas já tivemos vários.”
Segundo ela, casos de violência psicológica são mais comuns. “O bullying sempre é comum. O adolescente tem essa característica de formar grupinhos separados e, se não forem tomadas providências, isso se agrava”.
A professora do ensino fundamental e médio e vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Belém, Suely Menezes, acredita que os índices de violência nas escolas estão diretamente ligados ao contexto em que a instituição está inserida. “Se a pessoa vem de um contexto de pessoas violentas na família, isso influencia. Não é só o contexto das escolas, mas também nas famílias”.
Ela também acredita que as agressões psicológicas são as mais frequentes. “Eu não posso negar que tenha violência, mas sou contra generalizar em números. Depende do contexto”, afirma.
Fonte: Dol
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