terça-feira, 8 de outubro de 2013

Quase metade dos cursos superiores de humanas são reprovados no Enade

A parcela de cursos reprovados corresponde a 47,5% do total

08/10/2013 - 07:10 - Pará
Quase metade dos cursos superiores do Pará, na área de humanas, avaliados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) em 2012, ficaram abaixo da média considerada aceitável. Segundo os dados disponibilizados ontem pelo Ministério da Educação (MEC), 48 dos 101 cursos das instituições de ensino superior do Estado que participaram da avaliação, ficaram com notas insatisfatórias no Conceito Enade. A parcela de cursos reprovados corresponde a 47,5% do total - bem acima da média nacional que foi de 30%.

Esse índice monitora a qualidade dos cursos de graduação e divide as instituições (universidades, faculdades e centros universitários) por totais contínuos que vão de 0 a 5 pontos, com divisão por casas decimais, e em faixas que vão de 1 a 5. Avaliações abaixo de três são consideradas insatisfatórias pelo MEC. Elas tiraram conceito 1 ou 2 como resultado final do Exame. Para estarem em um nível aceitável de prestação de serviços de educação, é preciso tirar de 3 a 5, a nota máxima. O conceito Enade é o principal indicador do Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC) que, segundo o MEC, será divulgado no final deste mês.

Ao todo, participaram do Enade de 2012 um total de 7.228 cursos, pertencentes a 1.646 instituições de Educação Superior brasileiras, sendo 28 delas no Pará. Os universitários fizeram a prova no dia 25 de novembro do ano passado para avaliar os cursos de bacharelado em administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo, além dos cursos superiores tecnologia em gestão comercial, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos gerenciais.

No Pará, a prova teve 17,7% de abstenção, abaixo do nível nacional, que registrou 20,1%. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o exame teve a participação no Pará de 5.210 estudantes concluintes de cursos superiores de graduação ou tecnológicos, sendo que 6.384 estudantes estavam habilitados e inscritos. Devido a essas abstenções quatro cursos do Estado, ficaram sem conceito (devido ao baixa participação, não foi possível definir uma menção para o curso).

A maioria dos cursos (42) registraram nota igual a 2, sendo 38 deles em instituições de ensino privadas e quatro públicas. Duas tiveram a pior avaliação, igual a 1. As mais baixas notas no Estado foram registradas no curso de Turismo do Instituto Esperança de Ensino Superior, de Santarém; e do de Jornalismo, da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.

Além do curso de jornalismo, a UFPA ainda teve outros três cursos, dos 11 que foram avaliados, no rol de conceito insatisfatório. Receberam nota igual a 2, os cursos de Direito, de Marabá; Turismo, de Belém; e Publicidade e Propaganda, também de Belém. Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, essas instituições correm o risco de terem os vestibulares suspensos, como ocorreu no ano passado. "As (instituições) que tiveram conceito 1 e 2 poderão reabrir (o vestibular) se apresentarem melhora", afirmou. O responsável pela pasta disse ainda que a rede pública de ensino superior continua a apresentar desempenho melhor do que a particular, principalmente dos conceitos mais altos, 4 e 5.

É o caso do Pará, onde os dois cursos mais bem avaliados são da rede pública. Receberam a nota máxima, igual a 5, o curso de Secretariado Executivo, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e o de Direito, da UFPA - ambos em Belém. Outros 11 receberam conceito 4 (todas privadas) e 40 nota moderada igual a 3 (cinco públicas).

Mesmo com a reprovação de mais de um quarto dos cursos avaliados no Brasil e quase metade no Pará, o ministro Aloizio Mercadante, considera que o ensino está evoluindo se comparados aos resultados do Enade de 2009, quando foi feita a avaliação dos mesmos cursos avaliados em 2012. Na comparação dos resultados de 2012 com 2009, o número de cursos que ficaram abaixo da média aceitável aumentou. Ao todo, passaram de 24,2% para 30%. Há quatro anos atrás, 0,7% dos cursos tiraram nota 1 e 24,2% tiraram nota 2. Já a quantidade que tirou notas 3, 4 e 5 aumentou, porque passaram de 48,5% em 2009 para 68,3% em 2012.

Na edição do Enade do ano passado, 5,4% de todos os cursos participantes tiraram nota 5 e 19% tiraram nota 4. A maior parte, equivalente a 43,9%, tirou nota 3. Abaixo da média, ficaram 27,3% com nota 2 e 2,7% com 1. No Pará, até essa edição, nenhuma instituição de ensino superior tinha alcançado a nota máxima (5). Três tinham anotado nota 4 no Enade de 2011 e oito registraram conceito igual a 2, o que correspondia a 33% das instituições avaliadas no Estado (o mesmo percentual do levantamento de 2010). Outras três ficaram sem classificação (SC).

 Para o governo, o panorama geral é positivo, com uma evolução no Ensino Superior brasileiro. "Cresceu proporcionalmente mais 3, 4 e 5 do que o 1 e 2. É positivo, porque cresceu fundamentalmente 3, 4 e 5. [...] Houve um crescimento em direção à qualidade", disse Mercadante. A porcentagem de cursos sem conceito foi a que teve maior queda. Diminuiu de 26,6% para 1,8%. Para o ministro, isso se deve à maior adesão dos alunos ao exame. "Nós tivemos um avanço muito importante na participação efetiva dos estudantes no Enade e com isso nós diminuímos substancialmente o que era sem conceito", ponderou o ministro.

Enade 2013

Na edição deste ano do exame serão avaliados os seguinte cursos: os cursos de tecnólogo em agronegócio, gestão ambiental, gestão hospitalar e radiologia e as graduações de ensino superior em agronomia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social e zootecnia.

 Diferentemente das edições anteriores, o Enade 2013 será restrito aos estudantes que tenham cumprido mais de 80% do curso até o período de inscrições ou que tenham expectativa de conclusão de curso até julho de 2014. Para esses estudantes, a participação na prova é obrigatória. Portanto, quem não fizer o exame não receberá o diploma, mesmo tendo concluído a grade curricular de seu curso. Além disso, o participante será obrigado a ficar no exame por, pelo menos, uma hora. Não será permitido que ele assine a lista de presença e saia da sala de prova.

 Os estudantes que estão iniciando o curso também serão inscritos na prova, mas não vão precisar prestar o exame. O Enade vai reaproveitar a nota obtida pelos calouros no Exame Nacional de Ensino Médio(Enem).

por Thiago Vilarins, da Sucursal Brasília
Foto: Elivaldo Pamplina (O Liberal)

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