quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Índice de fumantes na região Norte cai 20% em seis anos

A pesquisa ouviu 417 pessoas na região, sendo 46,5% delas (194) no Estado do Pará

O consumo de tabaco caiu 20% na região Norte nos últimos seis anos, de acordo com o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) divulgado ontem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em 2012, 14,4% da população brasileira declarou ser fumante, enquanto o índice do primeiro levantamento, feito em 2006, era de 17,9%. A pesquisa ouviu 417 pessoas na região, sendo 46,5% delas (194) no Estado do Pará.
Em todo o País, a redução do índice de fumantes também foi de 20%, passando de 19,3% da população para 15,6%. Entre as regiões, o Sul apresenta maior parcela de fumantes de sua população (20,2%), embora também tenha sido a região em que ocorreu maior diminuição (23%) em relação aos índices de 2006. O Norte apresentou a segunda maior redução, alcançando também o segundo menor grupo de fumantes.
O mais baixo percentual foi identificado no Nordeste (14,2%), que reduziu 18%, e os maiores nas regiões Sudeste (17,7%) e Centro-Oeste (17%), que caíram 19% e 15%, respectivamente. O Lenad coletou dados por três meses em 149 municípios e escutou 4.607 brasileiros. Eles responderam questionário com mais de 800 perguntas, que pretenderam avaliar o padrão de uso do tabaco e os problemas associados a ele.
A queda foi maior entre os adolescentes (45%), de 6,2% em 2006 para 3,4% em 2012. Embora o número de fumantes tenha diminuído, a pesquisa também mostra que entre os que continuaram consumindo tabaco, o hábito se intensificou. A média de consumo diário de cigarros em 2006 era de 12,9 para 14,1 em 2012. O estudo estima que o País tinha 20 milhões de fumantes em 2012. A redução entre a população adulta foi de 19%. Em 2006, 20,8% dos adultos afirmaram fumar. Em 2012, foram 16,9%.
Os homens continuam fumando mais do que as mulheres. Mas o número de homens que deixou de fumar foi maior em 2012 (22%) do que a diminuição do tabagismo entre as mulheres (13%). A dependência química entre as mulheres é maior do que entre os homens, explica Clarice Madruga, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo. "Existe uma questão biológica. Os hormônios sexuais nas mulheres atrapalham o tratamento e qualquer dependência se manifesta de forma mais severa no gênero feminino".
O Lenad também detectou que o fumo diminuiu em todas as classes sociais, com exceção da classe A. Entre a parcela mais rica da sociedade, o consumo de tabaco aumentou 110% e quase dobrou o índice de 2006. Para Clarice, isso mostra que o acesso ao cigarro é fator mais influente para o hábito do fumo do que o conhecimento sobre seus efeitos. "O dinheiro para comprar tabaco acaba sendo mais importante do que o conhecimento. Isso é um motivo para pensar em aumentar o preço com impostos, porque pode ser mais eficaz do que campanhas", diz.
Os dados mostram que mais da metade dos menores de idade no Brasil (62%) diz não encontrar nenhuma dificuldade para comprar cigarros. 55% dos menores compram em bares e 15% em lojas e shoppings. A idade média de experimentação de cigarros foi de 16.2 anos em 2012, variando pouco da média de 15.9 anos de 2006. A idade média de começo de uso regular é de 17.4 anos.
"Se sabe que quanto mais precocemente o uso de substancias psicotrópicas, maior a chance de desenvolver dependência. O cérebro só termina de se formar completamente aos 24 anos. Então qualquer uso de psicotrópicas vai aumentar a chance de dependência e de desenvolvimento de doenças", afirma Clarice.
Motivação
Mais da metade dos fumantes (67,8%) relatam ser difícil ou muito difícil passar um dia sem fumar. 63% afirmam que já tentaram largar o vício, mas não conseguiram. Outro indicador de dependência apontado pelo estudo mostra que 1 a cada 10 fumantes afirmam fumar o primeiro cigarro em menos de 5 minutos depois de acordar. De acordo com o Lenad, 90% dos fumantes dizem que estão dispostos a parar de fumar. No entanto, os pesquisadores consideram diferentes escalas de motivação. "Embora 90% diz que gostaria, só 7% deles realmente tem planos de parar. Imaginamos que o restante são pessoas que tem dependência mais severa e nem mais planejam parar de fumar", afirma Clarice.
Em relação à procura por tratamento para parar de fumar, o Lenad mostrou que apenas 7,3% dos fumantes já procurou ajuda profissional e que entre os ex-fumantes o índice foi menor, de 5,4%. No entanto, 21% dos fumantes acreditam que fumar não é tão prejudicial para a saúde quanto dizem. Propaganda e prevenção
Em relação às advertências impressas nos maços de cigarros, o estudo mostra que de alguma maneira elas impactam uma parcela entre os fumantes. Entre os entrevistados, 18% dizem que cobrem a figura, 17% afirma tirá-la de vista, 11% colocam os cigarros em outros pacotes e 7% declara não comprar maços específicos.
O estudo também mostra que a maioria da população brasileira apoia a lei que restringe a publicidade de cigarro em pontos de venda, como padarias e restaurantes. Entre os não fumantes, o índice de aprovação é de 88%, enquanto entre os fumantes é de 77%. O próximo passo, para Clarice, é regulamentar a publicidade de tabaco na internet.
Ana Cecília Marques, pesquisadora que também participou do levantamento, adverte que o público jovem deve receber mais atenção quanto à questão de propaganda. "O dependente já tem a marca que fuma, então para ele a questão da propaganda não é tão grande. O tabagismo é considerado hoje uma doença pediátrica, seja pelo fumo passivo ou início precoce", afirma.
Foto: Divulgação

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