quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Brasil cai no ranking de investimento estrangeiro direto

O fluxo de investimento estrangeiro direto (IED) para o Brasil recuou 3,9% em 2013, na comparação com o ano passado, mas se manteve em nível elevado: US$ 63 bilhões, revelou pesquisa divulgada nesta terça-feira pela agência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Com a queda, o Brasil caiu da quinta para a sétima colocação no ranking do organismo. Mesmo assim, o país se manteve como o principal destino de investimentos da América do Sul, respondendo por 47% do IED para o continente.
As Ilhas Virgens Britânicas receberam mais investimentos do que Índia e Brasil juntos, revelou a pesquisa. O arquipélago caribenho, um paraíso fiscal baseado no turismo, recebeu US$ 92 bilhões em 2013, segundo a Unctad, o quarto maior volume.
A maior economia do mundo, os Estados Unidos, atraiu US$ 159 bilhões. A China, segunda maior economia, recebeu US$ 127 bilhões. Com uma alta de 83% no IED, para US$ 94 bilhões, a Rússia saltou da nona para a terceira posição, pela primeira vez na História. Segundo a Unctad, o avanço foi puxado pela aquisição da petroleira BP de 18,5% da Rosneft. Índia recebeu US$ 28 bilhões em IED em 2013, segundo o relatório.
O estudo da Unctad destaca que o IED subiu 11% no ano em todo o mundo e somou US$ 1,46 trilhão. Do total, 52% foram para os emergentes.
Fim do ‘boom’ das commodities
Segundo o organismo, o declínio do volume destinado ao Brasil “deve ser visto no contexto de um forte crescimento nos anos anteriores que elevaram o IED no Brasil para altas históricas”. A queda do fluxo de investimentos puxou o recuo do IED para o Mercosul, afirma a Unctad, que recuou 2,3% em 2013, na comparação com 2012. No bloco sul-americano, Argentina (-13%) e Paraguai (-32%), que têm peso menor para o resultado do grupo, também recuaram.
Com o declínio do interesse de investidores pelas principais economias da região, o fluxo de IED para a América do Sul registrou queda de 7%. Com isso, o continente deixou de ser a principal atração da América Latina, como vinha ocorrendo nos anos anteriores. No entanto, as altas observadas na América Central (93%) e no Caribe (38%), fizeram com que o IED para a região crescesse 18%.
"A queda do fluxo de IED para a América do Sul veio após três anos de forte crescimento impulsionado pela força dos preços de commodities que abasteceram os lucros crescentes de investimentos, assim como ganhos da indústria de mineração. Preços em queda de commodities parecem ter parado o boom de IED nesta indústria", destaca o relatório.
Os analistas de mercado brasileiros reduziram as previsões para IED no Brasil em 2014 na última pesquisa Focus, feita semanalmente pelo Banco Central, de US$ 60 bilhões para US$ 57,7 bilhões. Para 2015, a previsão segue sendo de US$ 60 bilhões. O corte acontece em meio à crise de credibilidade que o Brasil vem sofrendo no mercado internacional e aos temores de que o país possa perder o grau de investimento de agências internacionais de classificação de risco.

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