segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Disfunção hormonal: uma vilã que ataca em silêncio

Várias pesquisas científicas alertam as mulheres para um dado alarmante: estima- se que hoje uma a cada 15 mulheres desenvolve algum tipo de disfunção hormonal em seu organismo. E o mais chocante é que a maioria delas nem sabe que essas doenças existem.
Cabelos opacos, pele ressecada, perda ou ganho de peso sem motivo aparente, menstruações desreguladas, tudo isso pode ser sintoma de um possível descontrole hormonal. Essas alterações podem ser desencadeadas por diversos motivos, mas sempre ligados a um fator determinante: a genética.
 
Segundo o endocrinologista Régis Salgado, conhecido por ser o médico de famosas como Luciana Gimenez, Iris Stefanelli e Sonia Abrão, “O descontrole hormonal pode acontecer em qualquer faixa etária e classe social. A grande explicação para o aparecimento do problema é a hereditariedade”, explica.
Há ainda sintomas mais difícieis de lidar, como depressão, irritabilidade, sensibilidade ao frio e baixa libido. Apesar de não refletirem diretamente na estética, afetam as relações pessoais e o rendimento no trabalho.
De acordo com um estudo realizado pelo Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, 22% das mulheres de todas as idades tem problemas com relação ao desejo sexual. Na faixa de mais de 50 anos o índice salta para 40%. “Quando essa falta de desejo ultrapassa os seis meses, torna-se importante investigar a causa e procurar tratamento, já que pode indicar uma disfunção da tireoide”, indica a psicóloga Carmita Abdo, coordenadora do projeto.
Como cada organismo reage de uma forma, muitas vezes a mulher procura dezenas de médicos antes de encontrar um diagnóstico preciso. Isso porque muitos profissionais acabam se baseando apenas nos resultados laboratoriais, sem avaliar a fundo as reações visíveis do corpo, por exemplo.
 
“É preciso avaliar cada caso. Se uma paciente está com os exames normais, mas relata alterações físicas e psicológicas compatíveis com uma disfunção hormonal, sem dúvida vou levar em consideração essa avaliação para tratar a doença”, conta Dr. Régis Salgado, especialista em metabolismo e emagrecimento.
“É comum as pacientes chegarem ao consultório tomando medicamentos para depressão, tristeza e cansaço, o que mascara os sintomas da disfunção hormonal. O melhor conselho é buscar sempre um diagnóstico preciso de quem procura entender o corpo como um todo e não por partes”.
Mitos e verdades:
Causas e consequências
Ainda não é possível evitar que o corpo entre em desordem hormonal, mas alguns hábitos podem ajudar a potencializar os sintomas. “Fumo, consumo de bebidas alcoolicas e uso de pílula anticoncepcional não são, na prática, causas de desequilíbrios hormonais, mas influenciam de maneira negativa a doença”, explica Régis Salgado.
No entanto, o vilão da vida moderna tem uma posição de destaque como agente desencadeador das disfunções: o estresse. “O cortisol que circula no organismo da pessoa estressada é um hormônio produzido pelas suprarrenais e afeta o sistema imunológico, além de aumentar a pressão arterial e a glicose no sangue. Se o corpo fica mais propenso a doenças, também se torna mais frágil aos problemas hormonais”, revela.
Quanto ao tratamento, o médico revela: “Infelizmente, a medicina ainda não está tão evoluída a ponto de conseguir estimular uma glândula a produzir hormônio. Logo, problemas como o hipotireoidismo são tratados com reposição hormonal, o que faz com que seja preciso encontrar uma dose adequada individualmente”.
A gravidez também pode provocar um descontrole hormonal. De acordo com o ginecologista e obstetra Linderman Alves Vieira, chefe da Maternidade Carmela Dutra (RJ), no caso da gestação, o ciclo menstrual é suspenso por muito tempo e o corpo é exposto a outros hormônios além da progesterona e do estrógeno, como a prolactina, responsável pela produção de leite.
 
Todas as mudanças podem causar uma confusão no organismo, que ao tentar retomar o ciclo natural da mulher, pode acabar desregulado. No caso da Síndrome do Ovário Policístico, somente depois de dois anos da primeira menstruação é que seu diagnóstico pode ser feito.
Um agravante ao tratamento da doença é a grande porcentagem de pacientes que apresentam resistência à insulina, podendo até levar à diabetes. Pensando nisso, a obesidade tem lugar de destaque como agente agravante da doença: pessoas obesas têm o risco de se tornarem diabéticas em até 90% dos casos.

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