sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ipea registra salários mais altos e mais empregos em 2013

Uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que a taxa de informalidade vem diminuindo nos últimos anos em todo o País. De acordo com o Boletim do Mercado de Trabalho nº 56, divulgado ontem, na sede da entidade, em Brasília, o percentual médio do trabalho informal de 2013 ficou em 33%, um ponto percentual (p.p.) a menos do que o observado em 2012. O rendimento médio dos trabalhadores brasileiros, por outro lado, aumentou 1,9%, em relação ao ano anterior (2012), chegando a R$ 1.929.
Em uma década, entre 2003 e 2013, acompanhando o crescimento populacional dos municípios, a População Economicamente Ativa (PEA) da Região Metropolitana (RM) de Belém cresceu 13%, atingindo dois milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego da Região diminui de 9,5% para 3,5%. Em 2003, a taxa de desemprego oculto por desalento foi de 2%, no Estado do Pará.
Quatro anos depois, em 2007, o percentual chegou a 1,1%. A taxa de desemprego oculto por precariedade também caiu de 3,6% para 1,4%, de 2003 a 2013. O desemprego oculto pelo desalento está relacionado às pessoas que não possuem trabalho e nem procuraram ocupação nos últimos 30 dias. Desempregados pelo trabalho precário são aqueles que, para sobreviver, exerceram algum trabalho de auto-ocupação, de forma descontinua e irregular.
Em todo o País, em valores médios, a taxa de desemprego também apresentou redução em comparação a 2012. A média em 2013 foi de 5,4%, contra 5,5% de dois anos atrás. Embora o desemprego tenha se elevado no primeiro semestre, como observado nos últimos anos, por causa de fatores sazonais, a taxa de dezembro atingiu o menor patamar desde a implantação da Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE): 4,3%.
“O nível médio da taxa de ocupação cresceu 0,7% em relação a 2012”, disse Corseuil, durante a apresentação do BMT. O percurso desse índice em 2013 apresentou uma queda contínua entre janeiro e abril, o que contrasta com o aumento registrado nesse período em outros anos. Já nos meses seguintes, a tendência foi de elevação. “A melhora na ocupação se deu porque cerca de 159 mil postos de trabalho foram criados no ano passado”, esclareceu.
De acordo com o Ipea, o número de empregados com Carteira de Trabalho assinada, em todo o País, subiu 1,5% em 2013 ante 2012, o que equivale, em valores absolutos, a cerca de 184 mil novos contratos. No índice de empregados sem carteira houve recuo de 5,6%. O número de trabalhadores por conta própria cresceu 1,1%. O nível médio de informalidade da população ocupada ficou em 33% no ano passado, com retração de 1 ponto percentual em comparação a 2012.
O nível de ocupação da RM belenense subiu de 1,5 milhão para 1,9 milhão de cidadãos, em uma década. Em 2006, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o número de paraenses que conseguiram ingressar no mercado foi de 221.093. No ano de 2013, a quantidade de empregados, em 12 meses, subiu em mais de 100 mil pessoas, chegando a 361.589, contra 349.231 desligamentos - saldo de, aproximadamente, 12 mil novos empregos em 365 dias.
O rendimento médio habitual dos trabalhadores da RM de Belém subiu de R$ 1.398,40 para R$ 1892,80, entre 2003 e 2013. Já o rendimento médio real efetivamente recebido aumentou de R$ 1.382 para R$ 1.905,70, no mesmo período avaliado. A capital gaúcha foi a que registrou o maior aumento do rendimento médio: 5,2% entre 2012 e 2013. Já Salvador, foi a única região que apresentou um decréscimo: -6,8%. O Boletim do Mercado de Trabalho também trouxe a variação dos rendimentos dos trabalhadores dos setores públicos e privados. No primeiro grupo o aumento foi de 0,5%, enquanto, no segundo, foi de 2,9%.
A competitividade do mercado de trabalho aumentou 12% de 2009 para 2010, na região Norte, sendo o que menos cresceu entre as demais regiões do País. O resultado é importante porque o Custo Unitário do Trabalho (CUT) nos Estados nortistas já é um dos mais baixos do País. O cálculo do CUT pondera o custo total do trabalho pelo nível de produção, com o objetivo de obter o custo relativo do trabalho em unidades de produto. De outra forma, o CUT pode ser definido como nível salarial médio ponderado pela produtividade do trabalho de algum aís (Estado, região, setor). Dessa forma, quanto maior o CUT, menor a competitividade de uma determinada região. O CUT aumenta se o salário cresce acima da produtividade, ao passo que irá cair se esta superar o crescimento do salário. No entanto, é importante salientar que a importância do CUT é relativa com o seu nível absoluto tendo pouco sentido.
De acordo com o Ipea, a maioria dos indicadores do mercado de trabalho analisados aponta um ritmo de melhora em 2013 aquém daqueles verificados em anos anteriores, quando mensurado pela comparação das médias anuais. Esse é o caso da taxa de desemprego, do nível de ocupação e do rendimento real. No que concerne a esses dois últimos indicadores, no entanto, uma observação mais atenta aponta que a evolução ao longo do ano traz dois padrões bem distintos nos dois semestres.
O primeiro semestre é marcado por tendências de piora, atípicas em relação ao mesmo período dos anos anteriores, enquanto o segundo é marcado por tendências de melhora compatíveis com o padrão vigente nos anos anteriores. Ou seja, prognósticos para a evolução do mercado de trabalho brasileiro em 2014, baseados na comparação de médias anuais dos indicadores, tendem a ser mais pessimistas que aqueles fundamentados na evolução observada no segundo semestre de 2013.
Com relação a prognósticos envolvendo a taxa de desemprego, é necessária uma  ressalva em outra direção. O fato de esta taxa fechar 2013 no menor valor da série  histórica, e ir se afastando, nos últimos meses do ano, das respectivas taxas de 2012,  pode inspirar prognósticos excessivamente otimistas se não for levado em conta que a  taxa de participação esteve muito baixa nos últimos meses de 2013.
De fato, a evolução  da taxa de desemprego no curto prazo dependerá muito do comportamento da taxa  de participação que reflete o lado da oferta de trabalho, haja vista que, pelo lado da  demanda, os prognósticos para os indicadores de atividade econômica apontam para  um crescimento moderado, ainda que em um nível superior ao de 2013.

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