O Pará terá 8.630 novos casos de câncer em 2014. De acordo com estudo divulgado ontem pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), Dia Mundial do Câncer, 4.110 homens e 4.520 mulheres do Estado contrairão a doença no próximo ano. Uma média de quase 24 novos registros por dia. Proporcionalmente, os índices apontam que no decorrer do ano, cerca de 103,19 homens em cada grupo de 100 mil deverão ter a doença. Entre as mulheres, essa proporção sobe para 115,37 a cada 100 mil.
Só em Belém, estima-se 3.210 vítimas, sendo 1.430 do sexo masculino e outras 1.780 do sexo feminino. Em relação as taxas brutas, os indicadores sugerem 208,21 novos casos de câncer a cada 100 mil homens e 232,57 entre o mesmo grupo de mulheres. De acordo com os pesquisadores do Inca, o índice para 2014 no Pará é aproximadamente 12% superior ao valor apontado em 2010. Entre os dois períodos houve um aumento de 910 novos casos.
É disparado o maior registro entre todos casos previstos na região Norte, correspondente a 43,1% do total (20.020). Amazonas, com quase metade da incidência paraense, surge na segunda posição, com 4.830 de novos casos de câncer no ano. Na sequencia aparecem Rondônia (2.360), Tocantins (2.160), Acre (710), Roraima (670) e Amapá (660). Em todo o País, estima-se que a ocorrência de 576.580 registros da doença em 2014, puxados, sobretudo, pelo números de São Paulo (152.200 casos), Rio de Janeiro (73.680) e Minas Gerais (61.530).
Conforme as previsões dos coordenadores do estudo, a tendência é de que o número de casos seja ainda maior. Consideram que o envelhecimento da população e a mudança de estilo de vida são os maiores responsáveis por essa estimativa. No caso do Pará e dos demais estados da região Norte, outro fator contribui para esse crescimento: a pobreza. Segundo o diretor de Vigilância e Prevenção do Inca, Cláudio Noronha, o Estado ainda é prejudicado pela falta de programas de controle e de informação junto à população.
E é fácil constatar essa afirmação ao analisar as maiores incidências da doença no território paraense. Com exceção do câncer de pele não melanoma (que é aquele diagnosticado precocemente, sem risco de metástase), os tumores malignos que continuarão incidindo na população do Pará no ano que vem, serão aqueles característicos de regiões com pouco desenvolvimento, cuja falta de informação, a dificuldade de acesso da população aos serviços médicos e o preconceito agem com maior intensidade.
Como os casos de câncer de mama e colo do útero, totalmente passíveis de serem evitados, quando prevenidos e detectados precocemente. Entretanto, a tendência é de que mais de 1,6 mil mulheres do Estado devam contrair essas neoplasias nesse ano. Segundo a previsão do Inca, em 2014, serão registrados no Pará 830 casos tanto de câncer de mama feminina (taxa de 21,17 registros em cada 100 mil), quanto de colo do útero (21,13). Há quatro anos, esses números eram aproximadamente 5% menores.
Nas posições seguintes, surgem as incidências de cânceres de estômago (240 casos e taxa de 6,16), cólon e reto (200 e 5,24), traqueia, brônquio e pulmão (160 e 4,12), leucemias (120 e 3,02) e glândula tireoide (120 e 2,98). Considerando só os números de Belém, essas previsões dão um grande salto. O câncer de mama passa a ser estimado em 46,78 mulheres em cada grupo de 100 mil (360 casos); o de colo do útero em 34,57 mulheres em cada 100 mil (260 casos); cólon e reto em 12,72/100 mil (100 casos); estômago em 12,51/100 mil (100 casos); traqueia, brônquio e pulmão em 7,58/100 mil (60 casos); e ovário em 12,43/100 mil (60 casos).
Nos homens paraenses, segundo o estudo, em primeiro lugar aparece o câncer de próstata. Ele deverá responder por cerca de 30% das neoplasias malignas masculinas. Em todo o Estado, estima-se mil novos casos, sendo 330 deles na capital. Em 2010, o Inca apontou a previsão de 700 casos desse tipo de câncer - volume 43% menor. Assim como naquele ano, o câncer de estômago se mantém com expectativa elevada. A projeção é de 450 novas ocorrências nesse ano, enquanto em 2010 esse número era de 420. Serão ainda comuns entre os cânceres masculinos os de traqueia, brônquio e pulmão (260), de cólon e reto (160), as leucemias (130) e de cavidade oral (120).
Prevenção
Conforme os especialistas do Inca, a detecção precoce é a chave para descobrir tumores iniciais e, dessa forma, aumentar as chances de sucesso do tratamento. No caso do câncer de mama, o INCA recomenda exame clínico das mamas anualmente a partir dos 40 anos e mamografia bienal dos 50 aos 69 anos. A partir dos 40 anos, caso o exame clínico esteja alterado, é preciso realizar mamografia.
Para prevenir o câncer de colo de útero, mulheres de 25 a 59 anos devem fazer periodicamente o exame Papanicolau, conhecido como "preventivo". Se o resultado for normal em dois exames anuais seguidos, o preventivo deve ser repetido a cada três anos. Pela literatura médica, o risco de uma mulher contrair esse câncer pode ser reduzido em 70% se, pelo menos uma vez na vida, ela realizar o exame Papanicolau.
Já os homens a partir dos 50 anos devem procurar um posto de saúde ou um médico para realizar exames de rotina. Se o homem, apesar de não ter sintoma de tumor na próstata (dificuldade de urinar, frequência urinária alterada ou diminuição da força do jato da urina, entre outros) tiver histórico familiar da doença, precisa relatar isso ao médico para fazer os exames necessários.
Em nível nacional, a previsão é que o tumor de pele não melanoma, atinja 182 mil pessoas no próximo ano (1.980 no Pará), o equivalente a 31,5% dos casos de câncer.
O governo informou que o câncer é, atualmente, a segunda principal causa de morte no Brasil e no mundo, "atrás apenas das doenças cardiovasculares". Segundo o levantamento do governo, em 2011 foram registradas 184.384 mortes por câncer em todo o País.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, que divulgou documento na segunda-feira (3), os casos de câncer aumentarão cerca de 50% até 2030, quando serão diagnosticados em todo o mundo quase 22 milhões de ocorrências em comparação com os 14 milhões de 2012, devido ao crescimento da doença nos países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, as mortes por câncer passarão de 8,2 milhões a 13 milhões por ano. Essas tendências são acompanhadas pelo aumento e o envelhecimento da população e pela adoção de hábitos de risco, como fumar, indica o informe da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (IARC) da OMS.
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