A dona de casa Cira Gina Silva, 45 anos, mantida em cárcere privado pelo marido por pelo menos 20 anos em Campo Grande, saiu do abrigo para vítimas de violência nesta segunda-feira (24) após estadia de três meses e 15 dias. De volta à casa do pai, faz planos. “Quero uma vida normal, sem medo”, disse ao G1.
Mulher sai de abrigo após três meses e reencontra o pai.
O crime foi descoberto e denunciado por um agente de saúde. Além da mulher, os quatro filhos dela também eram impedidos de sair da residência, alguns só podiam ir à escola. O suspeito está preso e nega a denúncia.
Cira conta que trabalhava como doméstica na época em que se casou com o agressor. Descobriu o lado violento do companheiro assim que foi morar com ele. “Disse que eu nunca mais ia sair de casa”, relata. Em todas as quatro gestações que teve, foi para a maternidade dar à luz, mas diante das ameaças que sofria, não teve coragem de contar sobre a violência.
“Tinha medo dele. Só de ele entrar em casa eu já sabia que ia beber e bater em nós”, disse. Na época em que o caso veio à tona, os filhos do casal tinham 5, 10, 13 e 15 anos. Somente três deles estudavam. O mais velho foi retirado da escola pelo suspeito em 2013. A justificativa do homem era que o garoto havia sofrido ameaças de morte. Todos eram proibidos de falar aos colegas sobre as situações que vivenciavam dentro de casa.
Os meninos saíram do abrigo em fevereiro e estão morando com um tio materno. Reencontrá-los foi um alívio para a dona de casa. “Agora é outra vida. Quero estudar, trabalhar, quero cuidar dos meus filhos. É um sonho para mim”, relata.
Cira vai seguir com acompanhamento de assistentes sociais e conta que o pai está construindo uma casa para que ela more com os filhos. “Não estou mais com medo. Agora estou me sentindo segura”, disse. Sobre o ex, espera que fique preso e, caso seja solto, não a procure mais.
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